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Distúrbio de Défice de Atenção O distúrbio de défice de atenção caracteriza-se pelo desenvolvimento inadequado de aptidões de atenção, não se devendo a problemas emocionais. |
O que é o distúrbio de défice de atenção?
O distúrbio de défice de atenção (DDA) é um distúrbio neurobiológico, mais frequente no sexo masculino, que se caracteriza pelo desenvolvimento inadequado de aptidões de atenção, mas que não se deve a quaisquer problemas emocionais.
Na realidade, a designação técnica de défice de atenção não é a melhor, e deveria designar-se por atenção inconsistente ou atenção variável.
Por isso é também conhecido pelo Síndrome dos Paradoxos: a pessoa pode ser numa altura hiperativa e noutra revelar uma quietude de sonho acordado; muito atenta com estímulos novos e distraída com rotineiros; por vezes muito sensível aos sentimentos dos outros e noutras retirada da dinâmica interpessoal; muito criativa numas alturas e sem ideias noutras; otimista/pessimista; boa em matemática num dia e má noutro.
As pessoas com DDA nem inibem, nem modelam as suas respostas tão automaticamente como as pessoas sem este problema. Isto conduz, mais ou menos diretamente, aos outros sintomas associados ao DDA. Também conduz a qualidades positivas, tais como criatividade, espontaneidade, justiça, bondade, energia alta e abertura.
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Investigação online em curso RASTREIO DE DÉFICE DE ATENÇÃO EM ADULTOS |
Atualização (12 mar 2018): Entre 2012 e 2018 responderam 437 pessoas. A média de idades foi de 31,6 anos. A maior parte das pessoas a responder tem sido do sexo feminino (60,2%), licenciada (47,7%), sem problema associado, ou com problema ansioso seguido de problema depressivo.
Quais são os Sintomas/Características do Distúrbio de Défice de Atenção no Adulto?
Em adultos, o DDA, muitas vezes apresenta-se de forma muito diferente comparativamente ao DDA em crianças e os seus sintomas são únicos para cada indivíduo.
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Dificuldade em manter a Atenção e Permanecer Focado Adultos com ADD têm muitas vezes dificuldades em permanecer focados e cumprir tarefas do dia a dia. Estes sintomas são por vezes esquecidos, porque são menos perturbadores do que os sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas eles podem ser igualmente problemáticos. Os sintomas de desatenção e dificuldade de concentração incluem: ➤ Desligar sem se aperceber, mesmo no meio de uma conversa. ➤ Distração extrema; a atenção errante torna difícil seguir um rumo. ➤ Dificuldade em prestar atenção ou concentrar-se, a ler ou a ouvir os outros. ➤ Luta para completar as tarefas, mesmo as que parecem simples. ➤ Tendência para ignorar detalhes, levando a erros ou trabalho incompleto. ➤ Habilidades de escuta pobres; dificuldade para se lembrar de conversas e seguir orientações. |
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Hiperfocagem Paradoxal As pessoas com DDA têm dificuldade em se concentrar em tarefas que não são interessantes e, opostamente, tendência para ficar absorvidas em tarefas que são estimulantes e gratificantes. Este sintoma é chamado hiperfocagem paradoxal. Esta hiperfocagem é, na verdade, um mecanismo de confronto contra a distração, uma forma de afinação do caos. A hiperfocagem pode ser tão forte que a pessoa alheia-se de tudo o que acontece em redor, perdendo completamente a noção do tempo e negligenciando tarefas. A hiperfocagem pode ser uma vantagem quando canalizada para atividades produtivas, mas pode também levar a problemas no trabalho e no relacionamento se não for controlada. |
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Desorganização e Esquecimento A vida de uma pessoa com DDA parece muitas vezes caótica e fora de controlo. Manter-se organizado e a par das coisas pode ser extremamente desafiador, assim como separar o que é informação relevante de irrelevante, priorizar as tarefas, manter o controlo de tarefas e de responsabilidades, e gerir o tempo. Os sintomas mais comuns de desorganização e esquecimento incluem: ➤ Habilidades organizacionais fracas (casa, escritório, mesa, ou o carro é extremamente confuso e desordenado). ➤ Tendência para procrastinar. ➤ Dificuldade em iniciar e terminar projetos. ➤ Atrasos crónicos. ➤ Esquecimento frequente de compromissos e prazos. ➤ Perda ou extravio constante de coisas (chaves, carteira, telefone, documentos, contas). ➤ Subestimação do tempo para completar tarefas.
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Impulsividade A pessoa com DDA tem muitas vezes problemas em inibir os seus comportamentos, comentários e respostas. Esta pessoa pode agir antes de pensar, ou reagir sem considerar as consequências. É frequente a interrupção dos outros, deixando escapar comentários, e fazer de tarefas sem ler as instruções. Ser paciente é extremamente difícil, podendo atirar-se de cabeça para situações potencialmente arriscadas. A impulsividade manifesta-se das formas seguintes: ➤ Interromper frequentemente os outros ou falar por cima deles. ➤ Baixo auto-controlo. ➤ Deixar escapar os pensamentos que são rudes ou inadequados sem pensar. ➤ Tendências viciantes. ➤ Agir de forma imprudente ou espontânea, sem ter em conta as consequências. ➤ Ter dificuldade em agir de forma socialmente adequada.
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Dificuldades Emocionais Muitos adultos com DDA / TDAH têm dificuldade em gerir os seus sentimentos, especialmente quando se trata de emoções como raiva ou frustração. Os sintomas emocionais habituais incluem: ➤ Sentimentos de fracasso. ➤ Dificuldade em lidar com a frustração. ➤ Desorientação e stress fáceis. ➤ Oscilações de humor ou irritabilidade. ➤ Dificuldade em permanecer motivado. ➤ Hipersensibilidade à crítica. ➤ Temperamento muitas vezes explosivo. ➤ Baixa auto-estima e sentimento de insegurança. |
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Hiperatividade ou inquietação A hiperatividade em adultos com DDA pode ser semelhante ao DDA infantil. A pessoa pode ser altamente energética e estar perpetuamente em movimento, como se impulsionada por um motor. Para muitas pessoas, no entanto, os sintomas são mais subtis e internos. Os sintomas mais comuns de hiperatividade incluem: ➤ Sentimentos de inquietação, agitação interior. ➤ Tendência para assumir riscos. ➤ Ficar facilmente entediado. ➤ Pensamentos em tropel. ➤ Problemas em ficar sentado; inquietação constante. ➤ Desejo de emoção. ➤ Falar excessivamente. ➤ Realização de muitas coisas ao mesmo tempo. |
Quais são as Consequências do Distúrbio de Défice de Atenção no Adulto?
Em adultos, as consequências do DDA são várias, indo da vergonha, à frustração, desespero, desapontamento e perda de confiança. As pessoas com DDA sentem frequentemente que não conseguem controlar a sua vida. Por isso, o diagnóstico de DDA pode ser um alívio e fonte de esperança.
Auto-ajuda para Adultos com Distúrbio de Défice de Atenção
Armado com a compreensão do que é o DDA e com a ajuda de estratégias estruturadas, a pessoa pode fazer mudanças reais na sua vida. Muitos adultos com DDA têm encontrado formas significativas para gerir os seus sintomas, tirar proveito dos seus dons, e levar uma vida produtiva e satisfatória. Não é obrigatória uma intervenção externa. Algumas dicas de auto-ajuda:
• Fazer exercício. O exercício é a forma mais fácil e eficaz de reduzir os sintomas de DDA (por aumento da dopamina, noradrenalina e serotonina). Fazer exercício de forma enérgica e regular é uma ajuda para gerir o excesso de energia e a agressividade de uma forma positiva, acalmando o corpo (evitar fazê-lo no final do dia). Basta andar 30 minutos, quatro dias por semana.
• Comer adequadamente. Comer uma grande variedade de alimentos saudáveis e limitar os alimentos açucarados. Fazer refeições regulares ou lanches com intervalos não superiores a 3 horas. Garantir que se obtém zinco, ferro e magnésio na dieta. Incluir algumas proteínas e hidratos de carbono complexos para aumentar o estado de alerta e diminuir a hiperatividade. Acrescentar ácidos gordos ómega-3 presentes na sardinha, atum e salmão (EPA e DHA). Os suplementos de óleo de peixe podem ser uma opção (EPA 2-3 vezes DHA).
• Dormir em quantidade. O cansaço torna mais difícil a concentração, o controlo do stress, a manutenção da produtividade e o cumprimento das responsabilidades. Há que garantir entre 7-8 horas de sono todas as noites.
• Relaxar. Muitos dos sintomas de DDA podem ser atenuados através de meditação e ioga praticadas de forma consistente.
• Praticar uma melhor gestão do tempo. Estabelecer prazos para tudo, mesmo para tarefas aparentemente pequenas. Utilizar temporizadores e alarmes para permanecer no rumo adequado. Fazer pausas em intervalos regulares. Evitar pilhas de papéis ou procrastinação ao lidar com cada item novo à medida que ele surge. Priorizar tarefas sensíveis e anotar cada compromisso, mensagem ou pensamento importante.
• Trabalhar os relacionamentos. Agendar atividades com os amigos e manter compromissos. Ser vigilante na conversação: escutar quando os outros falam e tentar não falar muito rapidamente. Cultivar relacionamentos com pessoas que são compreensivas em relação ao DDA.
• Criar um ambiente de trabalho favorável. Fazem uso frequente de listas, codificação de cores, lembretes, notas pessoais, rituais e arquivos. Guardar as grandes ideias para mais tarde. Se possível, escolher um trabalho motivador e interessante. Observar como e quando trabalha melhor e aplicar essas condições no ambiente de trabalho. Pode ajudar emparelhar com pessoas menos criativas e mais organizadas.
Quando Procurar Ajuda para o Distúrbio de Défice de Atenção no Adulto?
Se os sintomas de DDA criam um obstáculo para a vida, apesar dos esforços de auto-ajuda, pode ser altura para procurar apoio externo. Adultos com DDA podem beneficiar de uma série de tratamentos, incluindo coaching comportamental, terapia individual, grupos de auto-ajuda, aconselhamento profissional, assistência educacional, e medicação.
O tratamento de adultos com transtorno de déficit de atenção, tal como no tratamento para crianças, deve envolver uma equipa de profissionais, juntamente com os membros da família e/ou cônjuge.
Tratamento para Adultos com Distúrbio de Défice de Atenção
A medicação é um complemento aos aspetos referidos anteriormente, sendo o metilfenidato o medicamento mais usado. É importante, no entanto, entender que a medicação não funciona para todos, e mesmo quando ela funciona, não resolve os problemas nem elimina completamente os sintomas.
De facto, a medicação melhora muitas vezes a atenção e a concentração, mas faz muito pouco para ajudar os sintomas de desorganização, má administração do tempo, esquecimento e procrastinação, que são os aspetos que causam mais problemas para muitos adultos com DDA.
Fontes
Brown, T. E. (2006). Attention deficit disorder: The unfocused mind in children and adults. New Haven: Yale University Press Health and Wellness.
Autores: Helena Espírito-Santo, 2012-2014.
